As comunidades tinham um
entendimento sobre seus líderes como sendo aqueles que ocupam posições de
chefia dentro das organizações, sejam elas públicas ou privadas. Também
consideravam que os líderes deveriam ser pessoas hierarquicamente em condição
de superioridade perante seus funcionários, ditando ordens. Muitas vezes, essa
imagem equivocada chega até as organizações comunitárias, fazendo crer que os
líderes devem sempre impor seu ponto de vista.
O problema é que esses “líderes”
assumem posições individuais sobre as reais necessidades da comunidade, atuando
somente com base em sua informação e poder, tendo dificuldade de articular
apoio ou de estabelecer uma coalizão de interesses. Como consequência, além de
não saberem utilizar a posição que ocupam ao sentirem dificuldades em “mandar”,
recolhem-se à segurança do isolamento em suas organizações. Eles colocam seu
orgulho e vaidade acima dos interesses coletivos. E por isso são “líderes” que
não conseguem perceber que o poder é inerente ao posto que ocupam; não
propriamente à sua pessoa. Mesmo quando participam da vida comunitária, com
aparente cordialidade e aceitando os processos democráticos de decisão, eles
continuam agindo para que os resultados de qualquer escolha sejam exatamente os
que eles esperam sem dar margem à negociação. São “líderes” que se valem da
desigualdade de poder entre os participantes.
Em busca de uma visão de
liderança alinhada com a concepção de que o líder não é aquele que tem “o poder”, mas, sim, quem tem o “poder de agir a serviço do desenvolvimento
sustentável da comunidade”.
Igualdade: A liderança servidora
tem como base pensar coletivamente e ter no líder aquele que se doa em favor do
grupo. Embora tenha sua ação orientada por um forte compromisso interior que a
motiva, não se coloca acima dos demais membros da comunidade. Busca encontrar
parceiros, movida por suas ideias e criatividade, porém se sujeita ao
julgamento de outros para validar suas opiniões.
Não se sente maior e melhor do
que ninguém. Mesmo quando ostenta títulos e ocupa cargos importantes, o líder
servidor não utiliza a autoridade formal para ser respeitado. Prefere inspirar
pelo exemplo e atrair “aliados”, ao invés de simples “seguidores”. Seu poder
emerge da própria coerência, atitude e credibilidade ao longo do tempo.
Valores: Para o líder servidor, a
diversidade de opiniões e de capacidades são riquezas que devem ser estimuladas
no grupo, e celebradas em benefício da comunidade.
Assim, ele assume uma atitude de
acolhida para com todos os membros e para com todas as ideias. Porém, busca
ajudar os integrantes do grupo a serem coerentes com o benefício comum. O líder
servidor acredita que contribui para o crescimento de cada participante em seu
esforço de apoio à comunidade.
Doação: Assume a humildade como
virtude necessária para se opor ao reconhecimento individual. Acredita que
formar novos líderes é necessário para o sucesso de qualquer empreendimento.
Deixa posições toda vez que acredita que existam pessoas mais competentes para
a tarefa. E transfere seus poderes facilmente.
Confiança: O líder servidor
justifica-se na sociedade por seu desejo de apoiar causas que podem transformar
a vida das pessoas. É um natural defensor dos direitos humanos e da crença
ilimitada na capacidade humana em vencer desafios.
Para poder transmitir sua
autoconfiança, o líder servidor é possuidor também de autoconhecimento. Ele
sabe o que sabe e o que não sabe, e conhece seus limites.
Evolução: O líder servidor recebe
as críticas de maneira construtiva, e também critica de maneira construtiva.
É interessante notar como o líder
servidor corre o perigo de se transformar num líder carismático, o que nunca
procura ser. Quando reconhece que é tratado como tal, busca usar esse
entendimento como instrumento para educar e motivar seus pares. É paciente e
determinado em sua caminhada evolutiva.
Consistência: Como tomou a
iniciativa, o líder servidor estabelece para si estratégias que garantam o
processo evolutivo do grupo. Assim, antecipa desafios e oportunidades de
crescimento coletivo. Dá grande atenção a sua própria preparação para
participar ativamente das atividades propostas pelo grupo. E, ao aceitar o
desafio de ensinar os outros, assume o controle sobre a própria educação,
obrigando-se a ser o melhor aprendiz. Além de conhecer o que ensina, o líder
servidor sabe a importância de ser o que ensina.
“O surgimento de lideranças servidoras que estão mais preocupadas com os ideais de melhoria da comunidade
e, portanto, com o seu desenvolvimento sustentável, as tornam também lideranças sustentáveis”.
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