Sucateados, 32% dos municípios
brasileiros não têm equipes de defesa civil
Em muitos locais o serviço sequer
existe. Especialistas alertam para riscos de falhas em socorros cem tragédias
como a de Brumadinho
A falta de estrutura como
viaturas, equipamentos e até de profissionais é criticada por entidades que
monitoram o setor.
Faltam viaturas, equipamentos e
até servidores para atender a população em casos emergenciais, como resgates e
operações em áreas de risco.
Salvamento em enchentes |
O sucateamento de parcela das
defesas civis pelo país preocupa os agentes que têm a missão de agir em
situações extremas, como nos atendimentos das vítimas do rompimento da barragem
em Brumadinho (MG).
Para se ter dimensão do abandono, 32% dos municípios
brasileiros não sabem informar ou não contam com esse tipo de trabalho de
socorro, segundo levantamento da Confederação Nacional de Municípios (CNM).
Um dos principais desafios é
manter as defesas civis em funcionamento. Os gastos com o setor representam
menos de 1% do orçamento geral de municípios, estados e União.
Segundo a CNM, 1.640 cidades não
informaram se contam com o serviço. Outras 138 admitiram não ter, enquanto
3.792 disseram assegurar esse tipo de amparo. A cidade mineira de Araxá,
distante 350km de Brumadinho, por exemplo, só estruturou a atividade há dois
anos.
Acidente em Brumadinho |
Falhas recorrentes
Para especialistas, o Sistema
Nacional de Defesa Civil (Sindec) brasileiro não consegue cumprir com
eficiência dois pontos básicos: a prevenção e o alerta.
O governo falha em ausência de
mapas detalhados das áreas de risco, esclarecimento e treinamento da população
e rede de alertas preventivos. Em Brumadinho, as sirenes não tocaram quando a
barragem rompeu.
Johnny Amorim Liberato, técnico
em Proteção e Defesa Civil da CNM, explica que em muitas cidades onde a Defesa
Civil existe, há poucas condições de desenvolver planos estratégicos de
prevenção e ação em casos de desastres. “Muitas, para conseguir manter o
serviço atuante, precisam recorrer ao voluntariado. Os municípios sequer
conseguem comprar viaturas ou orientar os profissionais. É importante manter as
defesas civis preparadas e em funcionamento para que tragédias como a de
Mariana e de Brumadinho não ocorram mais”, critica.
Deslizamentos de barreiras |
Para o presidente da Associação
dos Municípios do Médio Vale do Itajaí, Adriano Cunha, é preciso mais
integração entre os governos. Ele atua na Defesa Civil na região de vales e
montanhas em Santa Catarina. “Não existe articulação da União com os estados
e com os municípios. Isso dificulta algumas ações e a melhoria das situações
que não são adequadas. Muitos municípios têm estrutura adequada, mas sabemos de
realidades que não são ideais”, frisa.
Ele explica que, nos últimos
anos, houve investimentos na área, mas que é necessário que a Secretaria
Nacional de Proteção e Defesa Civil deixe de agir somente depois da tragédia. “No
Brasil, a Defesa Civil é encarada como uma força de ação reativa, nunca como
preventiva. O essencial é se antever o problema para não perder vidas e ter prejuízos
incalculáveis para as cidades e para as pessoas”, destaca.
Defesa civil em ação |
Falta integração
Malu Costa, diretora do Sindicato
dos Agentes de Proteção e de Defesa Civil do Ceará, diz que o sucateamento
prejudica ações emergenciais. “Não se tem planejamento. Em casos de
calamidade de grandes proporções, como em Minas Gerais, não estamos preparados
para socorrer a população, sequer se tem monitoramento de áreas de risco”,
ressalta.
Deslizamentos |
Já nesse ano, a Secretaria Nacional de Proteção e Defesa Civil, ligada ao Ministério do Desenvolvimento Regional, liberou R$ 14 milhões para ações de defesa civil em Alagoas, Bahia, Mato Grosso, Rio Grande do Sul e Pará. O recurso será utilizado em obras emergenciais de atendimento à população afetada por inundações, fornecimento de água potável e reconstrução de áreas danificadas.
Tragédias das chuvas em Pernambuco |
Obs.. Será que diante dos inúmeros exemplos de tragédias,onde se vão dezenas de vidas e alguns milhões de reais gastos,não seria hora de se criar movimentos ou frentes de ações permanentes de prevenção?
O governo federal possuía em janeiro R$ 801.974.186,00 de recursos disponíveis para a realização de ações de defesa civil este ano.
Os municípios
pra acessarem esses recursos precisam ter equipes de defesa civil regulamentada
no organograma da gestão pública e projetos que demandem recursos a partir das
necessidades da região.
Quantos municípios de Pernambuco ou de seu estado ainda não possuem defesa civil?
Tentamos obter essas respostas, aqui em Pernambuco,mas até o momento não tivemos êxito.
Vamos formalizar esse pedido de informação a Codecipe -
Coordenadoria de Defesa Civil de Pernambuco.
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